A mula atada, a buzina a soar e a água divina

Na era antiga o largo S. Sebastião, em Prado, enchia-se para a feira franca ou feira dos vinte, porque se realizam sempre no dia 20 de Janeiro. Os criadores de gado vinham de diversos quadrantes. Uns dormiam na desaparecida hospedeira de Prado. Outros tentavam a casa de amigos, mas havia quem não tivesse lugar ou dinheiro, por isso atavam o gado aos sobreiros, marcando a sua posição para a venda e pernoitavam ao lado dos animais. Esse acto transformou-se em piada: “já marquei um lugar para ti”, diz-se, com frequência, na Vila de Prado. Ontem foi dia de cumprir a tradição.


Já não se levam os burros do passado. Aliás, esses foram trocados pelos famosos Citroen 2CV. Foram cinquenta no total que estacionaram no largo. Provocaram inveja aos dois puros lusitanos que lhes fizeram a corte. Aparecem em forma de homenagem, num culto à tradição, num convívio sa utar.


Vieram de vários pontos do país, mas coube, de forma simbólica e por sorteio, ao número 10, propriedade de Manuel Santos, levar com a corda e ficar atado ao sobreiro.
Ouviu-se o ‘elogio aos burros’, brindou-se com o vinho do porto, comeram-se uns bolinhos tradicionais, os feirantes também lá estavam a vender peças de couro, fatias de resende e produtos do fumeiro.


Trocaram-se lembranças e as mulas seguiram em direcção à igreja de Moure, para marcarem presença na homilia - cuja palavra centrou-se em dar graças a Deus por cada dia que aparece pela frente - e a cerimónia terminou com água benta. Uma bênção para os caminhos da vida, precaução e segurança, e a conservação da tradição, nesta homenagem à Vila da Prado, feita pela Bicavalaria do Minho, pela Associação Katavus, que serviu igualmente para baptizar os novos membros.

23-01-2012 - Correio do minho

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