Mel e marmelada recomendam-se mas no concurso faltaram broas

Classificar mel tem que se lhe diga. Ontem, na tenda da Festa das Colheitas, os jurados que assumiram a doce responsabilidade provavam-no em copo de pé alto, como o de vinho, agitando-o, observando a cor, inalando o aroma e degustando-o. Entre duas provas, um gole de água e uma dentada numa maçã, para apagar o gosto do mel anterior.


Para as classificações levaram mais de uma hora a comparar doçuras que as abelhas fizeram em favos de Azões, Mós, Cervães, Prado S. Miguel, Valbom ou Vila Verde, decidindo finalmente que era de Afonso Gonçalves Cunha (Barbudo), o melhor mel, seguindo-se Domingos Cardoso Barros (Lage) e em terceiro Luís Barros Cunha (Barbudo).

Fernando Viana, o técnico superior da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, que presidiu ao júri, vincou ao ‘CM’ que de ano para ano observa “uma melhoria da qualidade das amostras”.

“Eu sou membro do júri desde os primeiros concursos e a comparação não é possível, dada a melhoria da qualidade”, acrescentou, elogiando o investimento nas feiras e na formação profissional dos apicultores, levando a estes resultados.
“Estamos na presença de mel de excelente qualidade”, frisou.

Marmelada: clara ou escura, mais grossa ou mais fina

Para a marmelada, embora sendo sólida, os parâmetros de avaliação são como os do mel. Segundo o presidente do júri, Paulo Pereira, da ATHACA, Associação de Terras Altas do Homem, Cávado e Ave, a marmelada “mantém a qualidade” de anos transactos. Vinte e um candidatos chegaram à fase final para se submeterem a critérios de aspecto visual, olfacto, tacto, e sabor, o mais importante. Depois foram classificados em sete níveis, entre o excelente e o muito mau.

A maioria dos finalistas andou entre o excelente e o bom, salvo algumas excepções — revela o presidente do júri.
“Há várias maneiras de fazer a marmelada. Há quem goste dela mais clara, há quem goste dela mais escura, mais fina ou mais espessa”, salientou, explicando que o júri deste certame é composto pelos mesmos elementos há vários anos consecutivos. “Já uniformizámos critérios e praticamente as pontuações não variam muito”, adianta, embora tal não signifique que haja sempre consenso. Discute-se, há uma pontuação e é isso o que vale.

Houve anos com empates e juntaram-se dois ou três elementos do júri para o desempate.
As três melhores marmeladas são de Maria Armanda Santos Oliveira, Trigo Dourado e Lúcia Marques, todas da sede do concelho de Vila Verde.
Com apenas três concorrentes, o concurso da broa registou quebra significativa de inscrições. O presidente do júri, João Leite Gomes, dirigente da Confraria de Gastrónomos do Minho, experimentado nestas andanças desde as primeiras edições, atribui o declínio quantitativo à mudança da data da prova (costumava ser ao fim-de-semana), admitindo que talvez os concorrentes não tenham sido devidamente avisados.

07-10-11 - Correio do Minho

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