Frutos e carnes da terra animam Escariz S. Martinho

Abóboras e espigas de milho, cachos de uvas e batatas engalanavam ontem a igreja de Escariz S. Martinho. Na freguesia rural a oeste do concelho de Vila Verde os produtores agrícolas e a autarquia congregam esforços na promoção dos frutos da terra e no agradecimento aos céus pelas boas colheitas.


No interior do templo há quadros elaborados por artistas amadores com colagem de sementes. É acção de graças pelos bons frutos da terra mas também um modo de angariação de receitas para fazer face às contas da paróquia. Junto ao templo, na envolvente vendiam-se papas de sarrabulho, vinho de maçã e outros petiscos.


Ao fim da manhã já se notavam grupos que se deslocavam propositadamente, uns para consumo no local, muitos outros levam para casa.
Francisco Xavier Bezerra, o presidente da junta de freguesia, considera que esta festa das colheitas, cuja realização na paróquia já ocorre na sua 10.ª edição, traduz “o espírito que existe nesta freguesia de entreajuda entre as diferentes instituições”.

Pagar a casa mortuária

“É uma freguesia pequenina, de trezentos e sessenta e cinco habitantes aproximadamente que se unem nesta altura com vários objectivos.
Um dos objectivos é angariar fundos para a paróquia. Nós temos aqui a casa mortuária, e ainda falta muito dinheiro para a pagar. Temos tido a colaboração das pessoas e da câmara. Mas tem sido insuficiente. Todo o lucro obtido com esta festa reverte para a paróquia. Para além disso, temos o sentido de manter e de fazer ver aos jovens as nossas tradições, que representam determinados valores”, salienta o presidente da junta.


“Sábado houve uma desfolhada e foi bonito mostrar à juventude a beleza da vida no campo, mas alertá-los para a dureza da vida na agricultura”, acrescenta.
Milho e vinho são os produtos com mais abundância.
Segundo Francisco Bezerra, os jovens já não participam tanto como seria desejável.

Missão: revitalizar vinho de maçã

Os produtores agrícolas da zona de Escariz S. Martinho persistem na tentativa de revitalizar o vinho de maçã, contando com o apoio da autarquia local.
O presidente da junta de freguesia, Francisco Xavier Bezerra, confessa ao Correio do Minho o anseio em ver envolvido no projecto um estabelecimento de ensino vocacionado para a agricultura.


“Na nossa freguesia, recordo-me de ver como se fazia o vinho, a partir de uma qualidade de maçã, quase brava, que está em extinção”, explica o autarca.
Francisco Bezerra revela que “estamos a tentar elaborar um projecto para uma parceria com uma escola agrária, para relançar a reprodução da espécie”.

Tradição de Setembro

“É uma maçã amargo-doce, avermelhada. Hoje já não há essa maçã em tanta em abundância, temos que procurar outras variedades mas já não é a mesma coisa”, acrescenta.
O vinho de maçã era usualmente produzido ao longo do mês de Setembro, constituindo uma alternativa ao de uva, até ao momento em que já fosse possível beber o tradicional. Assim, de Setembro a Novembro, tradicionalmente o vinho de maçã rivalizava com o vinho de uva.

03-10-11 - Correio do Minho

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